Medo, ansiedade e frustração no perinatal

Na vida, o medo, a ansiedade e a angústia são constantes e, na maioria das vezes, muito contraproducentes. Na jornada da tentante, chegam a ser até “contraceptivos”. Como superar tudo isso então? Compartilho aqui um pouco da minha história, e o que aprendi no decorrer da vida e nos últimos meses como tentante.

O medo e a ansiedade são traiçoeiros

Após alguns meses tentando engravidar e dois abortos ficou difícil não pensar que, talvez, tenhamos esperado demais. Que por isso estamos tendo dificuldades em levar uma gestação adiante. Que talvez, a janela da fertilidade esteja fechando mais rápido do que esperávamos.

O relógio biológico incrementa e muito a pressão. E até a incapacidade de manter uma planta viva nos faz duvidar de nós mesmos. Cada notícia de uma nova mamãe ou papai no pedaço é motivo de celebração à vida, mas é também um lembrete de que, por enquanto, nós fomos incapazes de gerar uma.

Nem falemos do Google. Um buraco sem fim de informação sobre possíveis causas de infertilidade que nem se quer imaginávamos existir, mas que agora fazem parte de nossos pensamentos compulsivos.

Le está ela, a angústia… junto com o medo e a tristeza, em um ciclo vicioso. Insistindo em remar em direção oposta ao desejado bebê.

Dialogar sobre o que te aflige é essencial

Quando as preocupações dominam nosso pensamento, somos reféns da nossa própria cabeça. O caminho percorrido se torna mais dolorido, solitário e escuro—difícil de enxergar saídas.

Conversar sobre suas angústias, inseguranças e medos é fundamental para dissolver a ansiedade, para reduzir o peso carregado. Mas mais importante, ao iniciar um diálogo sobre o que vem nos colocando para baixo, damos início à construção de uma rede de apoio, carinho, amor e amizade. Ajudamos uns aos outros a focar-nos no que importa, no que podemos fazer hoje, agora.

O passado já foi, e o futuro é uma incógnita. A vida é agora e para poder gerar ou cuidar de uma, é preciso, primeiro de tudo, ter uma. Seja com quem for, não deixe de falar. Não deixe a angústia tomar conta da sua preciosa vida.

Busque ajuda, seja de um amigo ou de um profissional

Se falar com seu parceiro ou parceira, amigos ou conhecidos é difícil demais, busque um profissional.

Recentemente descobri que, assim como existem ginecologistas especializados em medicina reprodutiva, gravidez de risco, mastologia e sexologia, existem também psicólogos especializados em atender tentantes, gestantes e paispsicologia perinatal.

Acredito que quando o casal vai a uma clínica de medicina reprodutiva e reprodução assistida, é mais fácil deparar-se com um psicólogo perinatal. Mas isso não significa que não se possa buscar apoio emocional profissional antes de começar um tratamento clínico.

Eu só soube da existência de psicólogos com esta especialidade, após meu marido compartilhar nossas dificuldades com um amigo—daí a importância de dialogar e falar sobre o assunto. Seu amigo, lhe contou sua história semelhante e recomendou que eu falasse com sua esposa, que finalmente me indicou sua psicóloga perinatal.

Por enquanto tenho apenas a minha primeira sessão marcada… Mas só de falar rapidamente com ela pelo telefone já me senti cuidada, amparada, mais forte e esperançosa. A empatia, neste processo, é fundamental.

Deixo aqui um link para o @materonline, conta do Instagram gerenciada pela Profa. Dra. Rafaela Schiavo que fala bastante sobre a psicologia perinatal. O conteúdo está mais voltado para profissionais de psicologia, mas tem um #highlight com um monte de indicações de psicólogos especialistas no tema.

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